O aplicativo Kilombu

  A proposta é simples. Pretendemos unir duas pontas: A primeira ponta são as empreendedoras e os empreendedores em sua diversidade de atuação. Estes podem ser: trançadeiras, turbanteiros, pedreiros, escritores, donos de lojas e etc.; Na outra ponta, temos os consumidores interessados em usar um serviço ou produto feito, comercializado ou distribuído por nossos anunciantes.

  Uma iniciativa como esta, se mostra providencial, quando observamos a situação do afroempreendedor brasileiro, evidenciada em notícia veiculada pelo portal de notícias G1: "Dados processados pelo Sebrae a partir da PNAD 2013 revelam a distinção entre empresários negros e brancos. Enquanto 78% dos empreendedores declarados brancos são empregadores, entre os negros o número corresponde a 9%. Os demais (91%) são classificados como empresários por conta própria – aqueles que trabalham sozinhos ou com sócio, mas não contam com empregados remunerados.".

  Por essa razão, pretendemos potencializar empreendedores negros tornando-os ainda mais qualificados em suas zonas de atuação a fim de promover uma maior igualdade de oportunidades. O Kilombu é, portanto, uma ação afirmativa, que objetiva ajudar a construir uma sociedade mais plurarista.
  "As ações afirmativas no Brasil partem do conceito de equidade expresso na constituição, que significa tratar os desiguais de forma desigual, isto é, oferecer estímulos a todos aqueles que não tiveram igualdade de oportunidade devido a discriminação e racismo" conforme consta no site da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). Ações como esta possuem um caráter temporário, atuando enquanto perdurem as desigualdades.
  Vale ressaltar que "em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade que as ações afirmativas são constitucionais e políticas essenciais para a redução de desigualdades e discriminações existentes no país" ainda segundo informações disponibilizadas pela SEPPIR.





Três jovens estudantes da Fundação Getulio Vargas e do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), onde dois deles fazem mestrado em matemática aplicada e um está se graduando em ciências sociais, criaram um aplicativo de celular, o Kilombu, cuja primeira versão está disponível para plataforma Android, desde o último dia 20. O aplicativo reúne anúncios de serviços e negócios prestados por empreendedores negros que, em sua maioria, nunca tiveram acesso a estratégias de marketing ou a ferramentas de administração adequadas.
“O objetivo é ser uma vitrine, um espaço para dar visibilidade para esses empreendedores”, disse hoje (23) à Agência Brasil, Hallison Paz, criador do aplicativo, ao lado de Kizzy Terra e Vitor Del Rey. Este último trabalhava como voluntário, em paralelo ao curso de ciências sociais na FGV, em uma clínica da própria fundação, que ajuda empreendedores de comunidades carentes a se formalizarem.
Ao notarem que havia muita deficiência de comunicação e conhecimento entre os empreendedores em coisas básicas, que os impediam de progredir em seus pequenos negócios, os estudantes decidiram criar o aplicativo, onde as pessoas possam ser divulgadas, sem ficarem restritas a uma página do Facebook  e a poucas “curtidas”, e ganhem mais visibilidade.
Hallison Paz disse que a ideia agora é fazer parcerias com núcleos da própria FGV e de outras universidades, como a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), que desenvolvem trabalhos de consultoria na parte de administração e finanças para empreendedores carentes.
Segundo Hallison, o Kilombu oferece, além do aplicativo, a parte de consultoria que será prestada por meio de parceiros para melhorar os negócios dos empreendedores negros. “A nossa intenção é melhorar o aplicativo cada vez mais e prover serviços para esses empreendedores”. Os anúncios dos negócios podem ser feitos gratuitamente no aplicativo.
Os criadores do Kilombu não descartam também a possibilidade de cobrar por algum tipo de anúncio adicional patrocinado por empresas, como fazem o Google e o Facebook, visando a captação de recursos para impulsionar a publicação, de modo a atingir um público maior.

Hallison Paz admitiu que o aplicativo é uma maneira de também valorizar o empreendedor negro na sociedade brasileira. Citou dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) que apontam que metade dos empreendedores brasileiros é negra. “E você não vê esses caras”, disse. Embora 50% dos empreendedores sejam negros, apenas 9% deles são empregadores. “Ou seja, têm algum negócio que vai crescer em algum momento para ter funcionários”. Em contrapartida, entre os brancos, 78% dos empreendedores são empregadores. “Então, 91% dos negros têm negócios pequenos, trabalham com a família ou sozinhos, e há muita gente na informalidade”.
Com o aplicativo, os estudantes incentivam o empreendedor negro a sair do anonimato, ter uma visibilidade maior e, em consequência, mais negócios. A versão do Kilombu para Apple já está sendo trabalhada e será lançada ainda este ano. Maiores informações podem ser obtidas neste endereço.


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